domingo, maio 02, 2004

Mini-ensaio sobre a cobardia

No telejornal reportam que uma mulher grávida de oito meses e as suas quatro filhas foram assassinadas quando atravessavam um colonato judeu. Eram israelitas. Nas imagens, um telemóvel dentro de um carro recheado de estilhaços e sangue tocava uma melodia irritante. Provavelmente alguém que tinha ouvido a notícia e quereria assegurar-se que não era com elas que tudo se tinha passado. Os dois palestinianos foram imediatamente "abatidos". Nas horas seguintes, mais uma demonstração de cobardia pura, classificada como uma mera "resposta" israelita: dois helicópteros bombardeiam um edifício supostamente palestiniano. Dois palestinianos ficam feridos.
Quais foram as premissas destes ataques? O assassinato inconsequente dos dois líderes do Hamas, nomeadamente do Sheik Yassin, que desencadearam esta onda brutal de violência contra o Estado de Israel e contra todos os seus habitantes e a constante ameça de morte feita a Yasser Arafat por parte de Sharon.
Está então criado o estado de puro terror. As negociações de paz não avançam, o clima é altamente inflamável e a gasolina foi lá posta por Ariel Sharon quando matou o tal Sheik aqui mencionado, transformando-o em mais um mártir. Não apoio nenhum dos lados. Detesto ambos. Mas sei que algures entre a minha repugnância e a guerra deles estão milhões de inocentes que pretendem unicamente viver em paz, sem qualquer tipo de conflito. Resta saber quem é que vai acender o cigarro que ao beijar o chão vai libertar o Inferno. Quem viver, verá. Infelizmente.