quinta-feira, junho 10, 2004

Há uns meses escrevi o seguinte:

De vez em quando, principalmente quando me aborreço com a rotina, dou-me conta do quão absurdos são certos tipos de audiencia/conferencia...
Estou numa aula teórica e um génio, no palco, fala da unica coisa que sabe e conhece na vida... A discussão segue por caminhos sinuosos banhados de futilidade, sempre com fins inconclusivos nos quais teimo em ver divergencias políticas... Quanto ao capital, sinto-o injectar-se em toda e qualquer reflexão, seja ela relacionada com política, ambiente, reestruturação de cursos, o ensino superior...


Hoje completo com o seguinte: Assisti a um plenário sobre a reestruturação dos cursos de engenharia em Portugal, em particular o meu curso de Engenharia do Ambiente.


Existem duas propostas:

Um curso dividido em dois ciclos, o primeiro de quatro anos e o segundo (especialização) de um ano; Um curso dividido em dois ciclos, o primeiro de três anos e o segundo (especialização sob a conotação de mestrado) de dois anos.

Os professores parecem gostar da primeira hipótese, baseando-se claro na lei do menor esforço. Ao que parece a reestruturação do curso é mais simples quando se passa do actual sistema (curso de cinco anos) para o sistema 4+1... No entanto os alunos parecem mais inclinados para o sistema 3+2, actualmente o mais usado "lá fora"... Para que conste, parece que entre os poucos paises que utilizam o sistema 4+1, os mais desenvolvidos são o Chipre e a Turquia salvo erro...

Para ajudar à festa, os alunos que, aquando da mudança de sistema, vão ser sujeitos ao programa de transição, ficarão um ano (na melhor das hipóteses) a fazer cadeiras com uma carga horaria superior à suposta e no fim do seu curso terão um Curriculum Vitae com algo deste estilo:

"Licenciado em Engenharia do Ambiente, no entanto sem as cadeiras X Y e Z, mas com as antigas cadeiras W F G M N e P..."


Durante o plenário o professor encarregado da reestruturação do curso argumentou o seguinte, relativamente ao ano de esforço suplementar inerente ao programa de transição:

"Não se esqueçam que nos outros países (os que usam o sistema 3+2) os alunos fazem em três anos aquilo que cá se faz em 5!"

É possível! Mas não acredito que por "lá" percam tempo com cadeiras inuteis. A título de exemplo: Estou a aprender a trabalhar em excel pela segunda vez desde que comecei o curso... Num curso de Eng. do Ambiente tive de aprender programação em linguagem Octave (que é nos nossos dias completamente obsoleta)! Tive uma cadeira de História da Ciência, que mais se assemelhava a Filosofia Para Macacos, mas como TINHA MESMO de fazer a cadeira gastei créditos(*1) para nela me inscrever. Não fui a uma única aula e acabei a cadeira com 17 (que comparada com a restante pauta até nem é alta).

Finalmente o sistema de créditos (*1) vai ser substituidos pelos ECTS's... Teoricamente uma cadeira tem mais ou menos ECTS's consoante a sua dificuldade e o trabalho que implica... No entanto a conversão entre créditos e ECTS's é feita matemáticamente, ou seja, ficamos na mesma... Bem... Na mesma não! A Ordem dos Engenheiros só acredita a licenciatura se o aluno a finalizar com 300ECTS's, ou seja, se o modelo 3+1 entrar em vigor, os alunos que só frequentam o primeiro ciclo (já que o segundo é um mestrado opcional(*2)) não são Engenheiros!





(*1)- O sistema de créditos: Cada cadeira é avaliada em (n) créditos consoante a sua carga horaria. Por semestre, o número de cadeiras a que me inscrevo é limitado pelo número de créditos, ou seja, tenho um número máximo de créditos para me inscrever.

(*2)- No sistema 3+2 o mestrado é opcional para os alunos que entram no curso após o programa de transição. No entanto, os alunos sujeitos à transição são obrigados a frequentar e pagar esse segundo ciclo... Desta forma o Estado terá durante cerca de três anos, a propina dos mestrados garantida para TODOS os alunos!




Bem... Vou beber qualquer coisinha!

1 Comments:

Blogger JRosaCruz said...

Errata: Substituido - 8º paragrafo

sábado, junho 12, 2004 10:17:00 da tarde  

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