quinta-feira, fevereiro 05, 2004

A construção

Como alguém certamente terá dito um dia, há que saber criticar. Há dois tipos de críticas: a destrutiva, e a destrutiva com classe. Vou fazer uso da segunda.
Como terão lido os mais afanosos frequentadores do Blog, atribui um Beker a Francisco Louçã, por ser o melhor comediante português. Todavia, depois de vários relatos sobre a pessoa do Louçã que me foram feitos, nomeadamente sobre a sua presença na recolha de assinaturas para um referendo sobre o aborto, venho aqui congratulá-lo.
Congratulo-o por uma razão simples: mexe-se, característica extremamente rara no País de hoje. E quando digo que Louçã se mexe, faço-o com o intuito de explicar, não que ele se move, mas que vai atrás dos seus objectivos. A maior parte dos políticos, hoje em dia, não faz isso, a não ser claro em tempo de eleições. Mas Louçã busca um referendo e mexe-se para o conseguir. Verdade seja dita, é o único.
Enquanto toda a direita se refastela na maioria absoluta, ao sabor de um bom Porto e ao som de uma qualquer Ode Triunfal, Louçã, o pequenino Louçã, deputado parlamentar do ainda mais pequenino (para não dizer absurdo, execrável, insuportável) Bl...agh de Esquerda vai atrás das suas convicções. Indagam os leitores se começo a virar-me para o lado errado. Afirmo, obviamente, que não. Continuo a achar o Bloco de Esquerda uma imbecilidade marxista. Todavia, a imbecilidade mexe-se. E há que lhe dar mérito por isso.