quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Requiem

Decidi que, quando morrer, quero o "Requiem" no meu funeral. Não apenas tocado, mas cantado, com uma orquestra enorme e vários tenores a exaltarem o Confuctatis Maledictis e a Lacrimosa.
E eu, pobre diabo, desfeito em cinzas dentro de um jarro da dinastia Ming, renascerei por alguns minutos ao som da Marcha Fúnebre do grande Amadeus.
Não precisa de ser numa igreja, aliás dispenso tal cerimonial, parece-me que o Pavilhão Atlântico será suficiente. Entretanto, para pagar as despesas, podem cobrar ingressos a quem quiser assistir ao vivo a uma interpretação fenomenal do Requiem, ainda mais com tão especial significado, já que dedicada a mim, esse ser tão desconhecidamente importante que respirou, cresceu, viveu e acabou por se imortalizar neste mundo.
E no fim, para completar a cerimónia, inscrições feitas por cima da vidraria Ming de 12 mil euros: RIP Johny tal e tal, já que finalmente ficaste cansado de viver. E entretanto o povo aplaudia.
A culpa disto tudo é da Introdução ao Direito, que de tão entediante, me dá tempo para pensar nestas coisas, entre lacunas na lei e recursos à analogia. Isto de querer ser advogado...