sexta-feira, fevereiro 13, 2004

A Falha

Muitos por aí passeiam que acreditam plenamente na teoria de que o Homem é a máquina natural (perdoem-me a redundância) perfeita. A sua argumentação baseia-se no princípio da interacção entre todos os elementos constituintes do corpo, que lhe permite fazer frente, supostamente, todas as situações.
Contesto veementemente. É mentira!, exclamo. Mas em que teoria é que radica a minha contestação? Simples. A natureza, tão perfeita e tão soberba, que se dá ao luxo de criar o Homem perfeito, incapacita-o de, de forma indolor, deixar-se cair por completo num sono profundo, quase como um coma. Falta à "machina" um botão ou uma capacidade qualquer de se desligar temporariamente. Mas qual seria o objectivo? Curar doenças, prolongar a vida?
Não, nada disso. O objectivo seria, em dias como o de hoje, isolar-me por completo do resto da humanidade. E já que não consigo fazer desaparecer quem está ao pé de mim, gostaria de poder fazer-me desaparecer de ao pé de quem vou estar para evitar pensamentos e, principalmente, atitudes homicidas.
Pessimista? Não, nunca. Misantropo? Em dias como o de hoje, sem dúvida.