quinta-feira, março 11, 2004

El País

O povo espanhol não é o meu povo favorito. Não consta sequer naquilo a que eu poderia classificar como o meu "top 10 internacional". Hoje, porém, as coisas mudaram, a situação é outra, totalmente diferente. Não me importo com a arrogância dos espanhóis, tão pouco com o facto de possuírem metade do meu país. Hoje, eu, tal como todos os espanhóis, ingleses, americanos, alemães, franceses e por aí fora, sou um Cidadão do Mundo. E grito a plenos pulmões: Força Espanha, força! Vocês não podem soçobrar. Vocês não vão soçobrar. Estamos convosco, Espanha!
Admiro-lhes a raça, a coragem, aquele fenómeno a que chamam "la Espanidad", que só mesmo eles podem ter, porque só eles sabem o que sofrem, seja às mãos da ETA ou da Al-Qaeda, seja às mãos de quem for. Nós estamos com vocês, nós, que somos europeus, que somos cidadãos do mundo civilizado e ocidental, que não rejeita o Médio Oriente porque sabe que as suas gentes não fazem todas parte desses movimentos armados que continuam a agir desta forma, nós que, eventualmente, poderemos vir a ser as próximas vítimas de um atentado, nós que poderemos ser os próximos a chorar os mortos, a ajudar os feridos e a fortalecer os vivos. Agora não há tempo para ódios estúpidos, a História já lá vai há muito tempo, embora continue a correr eternamente com o tempo. Este é mais um episódio a juntar ao vosso tristemente longo historial. É pena que só nestas alturas possamos chorar em conjunto enquanto nos ajudamos mutuamente, ajudando-vos a tratar dos sobreviventes e aprendendo com vocês a sobreviver.
Hoje deve ser um dia em que não há espanhóis ou portugueses, mas sim Ibéricos, que estão unidos, e que unidos estando, haver não há quem os consiga derrubar.