domingo, dezembro 28, 2003

Ice Age:( Um post dedicado à inspiração e um exemplo de ENORME inspiração!)

De quando a quando a blogosfera entra numa época semelhante à "Ice Age"... Poucos são os blogs resistentes à inercia que assola a blogosfera na época natalícia e à passagem de ano! O próprio Bekbekbek tem estado mergulhado neste imenso lapso de actividade, isto porque a maioria dos "bloggers" vão para a santa terrinha onde internet é o nome de um bar lisboeta... Mas no fundo acho que é saudavel, uma vez que nos abstraimos deste grande vicio e no regresso a inspiração é redobrada!

Deste modo deixo-vos com um excerto de um poema tirado de um livro que me foi oferecido por meu pai no natal, e que não tem nada haver com o que acabei de escrever. Mas sou assim mesmo, gosto de partilhar. O Livro chama-se "Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica"


A Torre de Babel
ou
A Porra do Soriano



Eu canto do Soriano o singular mangalho!
Empresa colossal! Ciclópico trabalho!
Para o cantar inteiro e o cantar bem
precisava viver como Matusalém.
Dez séculos!
Enfim, nesta pobreza métrica
cantemos essa porra, porra quilométrica,
donde pendem os colhões que dão ideia vaga
as nádegas brutais do Arcebispo de Braga.

Sim, cantemos a porra, o caralho iracundo
que, antes de nervo cru, já foi eixo do Mundo!
Mastro de Leviathan! Eminência revel!
Estando murcho foi a Torre de Babel!
Caralho singular! É contemplá-lo!
É vê-lo
teso! Atravessaria o que?
O Sete-Estrelo!!
Em Tebas, em Paris, em Lagos, em Gomorra
juro que ninguém viu tão formidável porra!
É uma porra, arquiporra!
É um caralhão atroz
que se lhe podem dar trinta ou quarenta nós
e. ainda assim, fica o caralho preciso
para foder, da Terra, Eva no Paraíso!!

É uma porra infinita, é um caralho insonte
que nas roscas outrora estrangulou Le Comte.

Oh, caralho imortal! Glória destes lusos!
Tu poderias suprir todos os parafusos
que espremem com vigor os cachos do Alto Douro!
Onde há um abismo, onde há um sorvedouro
que assim possa conter esta porra do diabo??!
Marquês de Valadas em vão mostra o rabo,
em vão mostra o fundo o pavoroso Oceano!
- Nada, nada contém a porra do Soriano!!

Quando morrer, Senhor, que extraordinária cova,
que bainha, meu Deus, para esta porra nova,
esta porra infeliz, esta porra precita,
judia errante atrás duma crica infinita??
- Uma fenda do globo, um sorvedouro ignoto
que lhe há-de abrir talvez um dia um terramoto
para que desagúe, esta porra medonha,
em grossos borbotões de clerical langonha!!!

A porra do Soriano é um infinito assunto!
Se ela está em Lisboa ou em Coimbra, pergunto?
Onde é que começa?
onde é que termina
essa porra, que estando em Braga, está na China,
porra que corre mais que o próprio pensamento,
porque é porra de pardal e porra de jumento??
Porra!
Mil vezes porra!
Porra de bruto
que é capaz de foder o Cosmos num minuto!!!

(Pedro Soriano)


Um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo! E lembrem-se este é um daqueles poemas que secalhar é melhor NÃO dedicarem à namorada!