sexta-feira, janeiro 30, 2004

Geração Rasca

Nos tempos de hoje ouve-se falar com frequência em Geração Rasca. Já por várias vezes dei comigo a pensar o que levará muita gente a intitular os jovens de hoje de uma maneira tão abrupta e direi mesmo violenta.

Nos meus "N" anos de vida, e situada numa outra dimensão e visão das coisas que não a deles, aprecio os jovens de hoje e admiro-os sobremaneira.

Utilizando uma frase feita direi que no meu tempo tudo era diferente, sim muito diferente de hoje. Tudo nos era vedado, não possuíamos os meios nem as ferramentas que eles tem ao alcance de uma mão. Não tínhamos quase nada que nos desviasse de um caminho que eu considero estereotipado e violento. Lembro-me que na minha adolescência tinha necessidade de fazer muita coisa, de me afirmar como gente, de mostrar aos outros a minha visão do mundo, do que me rodeava, do que me perturbava, no entanto, não tinha voz na matéria, e era obrigada a engolir e a reduzir-me à minha condição de gente pequena.

Os jovens de hoje podem afirmar o que sentem, o que os perturba, direi mesmo podem gritar o que lhes vai na alma, e vai muita coisa.

Admiro-os porque apesar de todas as tentações que têm ao seu alcance, apesar de nada lhes ser vedado, grande parte deles sabem desviar-se com subtileza dos perigos e procurar para sua vida caminhos que nós, os que não pertencemos à geração rasca provavelmente não teríamos tido coragem para repudiar.

Cada vez mais me apercebo de que a geração rasca é gente de valor, com sentimentos e emoções muito próprias da sua idade. São capazes de ser sensíveis, homens e mulheres, são capazes de escrever com sentimento, de deitar cá para fora as raivas as angustias, as gargalhadas. Vejo nesta geração, e apesar de todas as apetências uma geração muito mais doce que a minha.

Quando eu era jovem, um homem era considerado pelo número de miúdas que era capaz de conquistar no menor espaço de tempo, curiosamente não vejo isso nos jovens de hoje.

Afinal a qual delas devemos chamar geração rasca?