sexta-feira, janeiro 30, 2004

La Voyage

É com enorme prazer que anuncio que os finalistas salesianos decidiram, enfim, qual será o destino da sua tão publicitada viagem: essa maravilhosa "localidade" espanhola de seu nome Tenerife.
Esta decisão veio terminar com um processo que se revelou extremamente complicado (para não dizer fastidioso, aborrecido, irritante) e que anunciou como possíveis destinos Andorra, Barcelona, Barcelona+Andorra, Natal, Caraíbas, Palma de Maiorca, enfim, um número infinito de destinos que pudessem fornecer aos jovens petizes tudo aquilo que eles desej(av)am: bocharreiras de cair para o lado, bacanais e orgias à vontade do freguês, tudo isto "arregimentado" com muita, mas mesmo muita ganza.
Dirão vocês: mas a viagem de finalistas é isso mesmo! Permitam-me discordar. Como em tudo na vida, depende do ponto de vista, mas sempre considerei a viagem de finalistas o local para estar com os amigos, num cenário diferente, longe dessa rotina enfastiante. Ao que parece, sou o único a pensar assim, já que a escolha de Tenerife se baseou nestes três pontos já mencionados e num quarto, que ajudou bastante, que passa pela presença, na mesma altura (Fevereiro) e no mesmo hotel, do Liceu Francês e dos Salesianos do Estoril.
Como me parece que já se aperceberam, eu não vou à viagem de finalistas. Sim é verdade, eu vou quebrar a convenção, EU NÃO vou à viagem de finalistas. Dirão vocÊs: betinho!. Direi eu: Pois então, com muito gosto!
Falando realmente a sério, parece-me que todo o sentido da viagem de finalistas está deturpado, para não mencionar "minorizado" (o oposto de elitizado) ou seja, é feito para aquela quantidade de gente que quer que a viagem de finalistas seja tudo aquilo que a outra não quer. Passo a exemplificar: qual seria o mal de ir para Cuba, no Alentejo? Não há bares, não há meninas, há pessoas sóbrias que convivem umas com as outras. Mas realmente, que aborrecido, que chato, estar uma quantidade de tempo interminável com aquela gente sem ter sequer uma gota para matar a sede... irra, que m****!
Irrita-me sobretudo o egocentrismo na escolha do destino: os que querem assim, muito bem, os que não querem, azar! E agora eu pergunto: e porque não Londres? e porque não Paris? e porque não Praga? e porque não uma capital europeia onde todos os grupos possam divertir-se à sua maneira? A resposta surge como conceito, mais precisamente o civilizacional. Em todas as capitais europeias que não têm os bares como ponto referencial, estes jovens adolescentes eram encarcerados e ser-lhes-ia dada permissão de saída apenas quando os paizinhos os fossem buscar, para garantirem que não iam provocar mais distúrbios. Mas enfim, deixemo-nos de sonhos, essa realidade está bem distante. Certamente haverá muitos universitários que postam no blog que já passaram por esta situação, que foram para lá, que usaram e abusaram dos divertimentos desses locais. Nada contra. Irrita-me somente que eu tenha de abdicar de ir à minha viagem de finalistas por considerar que ficar em coma alcoólico não é uma coisa "fixe". Só isso.